O dia em que lhes disse ......................................... Le jour où je me suis confessé ..............................
Quando entrei na sala de estar, estavam sentados e pareciam à minha espera. Tinham um ar grave e preocupado. Tinha em mente o meu discurso, mas as palavras tinham dificuldade em navegar. E eu que tinha repetido, com os meus botões, tantas vezes, a minha confissão.
“Tenho que confessar uma coisa“.
A minha mãe pegou na mão de meu pai. Este olhou para mim e, com um pequeno gesto de cabeça, acenou como para me dar coragem. Sorria. Mas eu sabia que daqui a dez minutos já não sorriria .
Olhei para a minha mãe:
“A mãe lembra-se do Pierre ? Veio cá jantar várias vezes“.
- “Sim. Muito bem. É aquele rapaz encantador com quem jogas rugbi.”
Retomo a minha respiração. Tenho que ser rápido e conciso.
“É esse! Só que não jogo só ao rugbi com ele. Na realidade, não jogamos rugbi...“A minha mãe ficou petrificada no sofá. O meu pai levantou-se . Tinha compreendido e não me ajudaria. Estou só com a minha confissão.
“Queres dizer que tu...“
- “Sim!“
O meu pai sem me olhar, partiu fechar-se no meu quarto.
Foi a minha mãe quem quebrou o silêncio.
“Sabes há quanto tempo?“
- “Desde há três anos. Tenho a certeza.“
- “Desde há três anos?“
- “Sim. Foi numa noite de Maio. Fomos com colegas a um bar . E vimos o Porto-Bayern. Adorei. O toque de calcanhar de Madjer.“
A minha mãe levantou-se e começou a andar dum lado para o outro. E fui eu quem quebrou o silêncio:
“Mas sabia-o! Eu sei que leu os artigos que tenho escondidos debaixo da cama. E, sobretudo, aquele do Rei Artur ao “Le Monde”. Duas páginas que mostram que o futebol não é só meia bola e força.“
- “Porque ainda por cima conheces os nomes dessas pessoas?“
Apesar do tom irónico da pergunta, soube que, com o tempo, ela falaria com o meu pai e que tudo acabaria por se arranjar. E tudo se acabou por arranjar. E o Porto voltou a ser de novo campeão da Europa e do Mundo!
E Viva o Porto !
(post originalmente editado para o BiBó PoRtO, carago!!)