Woodstock: 40 anos, e obrigado ao PortoMaravilha!
"Mr : Woodstock foi algo fantástico ! O Poder da Flor ficou !
E Viva o Porto !
A única forma que encontro de responder e agradecer ao comentário que o amigo PortoMaravilha me deixou no post de ontem, respondendo ao apelo (que menciono em cima) de 15 de Agosto último, e dia do 40º Aniversário do Woodstock, foi por puxar para a primeira página a sua resposta ao repto que lhe lancei, e que aqui partilhou. Obrigado pelo teu testemunho, companheiro. É sempre um gosto especial refletir nas tuas estórias.
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"Se a minha memória é boa : Alugava com a Michèle um pequeno andar. Ouvimos uma trovoada louca e logo a seguir uma chuva de uma extrema violência. O fenómeno não durou mais de 10 minutos. Tenho a certeza. O andar dava para pracita da cidadezinha. Esta ficou totalmente inundada. E a cave ou o porão do prédio sofreu uma inundação de praticamente um metro.
Perdi todos os meus arquivos, tal como a Michèle, que estavam na cave. O nosso andar era pequenito e arquivavamos tudo na cave.
Na altura, o Joseph e a Nina ainda não tinham nascido e, por assim escrever, viviamos sem necessidade de memória.
Foi com o nascimento dos meninos, mas entretanto já tinhamos comprado casa, que me dei conta da importância da perda. Perder fotos e objectos antigos e pessoais não é agradável.
Ora também perdi os meus dois albuns vinil de Woodstock nessa inundação.
Festejam-se os 40 anos desse festival e eu gostaria ter esses discos.
A qualidade de gravação era péssima, mas dois extractos valem bem a pena. Se a minha memória é boa após tantos anos : A retomada por J Hendrix do hino Americano e a retomada por Joe Cooker de " A little help for my friend" [ver aqui: link].
Woodstock a última grande missa hippie, logo após Maio 68, marcará as mentalidades. Os Rollings tentarão organizar um festival concorrente que terminará no horror com mortos. Os Angels invadem e matam com sticks de bilhar espectadores. Mike Jagger impotente assiste ao espectáculo.
Todavia, o Poder da Flor ficará.
A luta contra a guerra no Vietnam é ganha e uma obra prima nascerá : "Apocalipse now ". Os Americanos exorcizam a guerra.
Apesar de ter chovido sobre Santiago, veja-se o filme "il pleut sur Santiago / queda de Allende/ a Revolução dos Cravos , um ano depois, tal um castelo de cartas , fará cair quer o Franquismo quer a Grécia dos coloneis, atravessando o Atlântico. Daí Fado tropical de Chico Buarque ( o Rio Amazonas que corre em Trás os Montes ) e a retomada desta melodia por vários autores internacionais.
Em Portugal, o grafismo liberta-se. Pode re-ligar-se com a sua memória, oprimida durante mais de 4 décadas. A grafia dos blogs pt é fantástica.
A Brigada Vitor Jarra (nome em honra do guitarrista Chileno Vitor Jarra que ficou sem mãos cortadas pela dictadura de Pinochet ) recupera um enorme espolio musical ( ainda hoje mal aceite ) com séculos de história, mostrando a diversidade e costumes de Portugal.
Etc, etc.
Um vento soprou :
Rene Dumont, em 1974, candidato às eleições Francesas, dá a volta à França em bicicleta para defender as ideias ecologistas. Ao mesmo tempo , Sergio Godinho cantava um tractor, um tractor...
Rene Dumont teve , salvo 1,09 de votos.
Mas desde então , um tractor , um tractor, a tomada de consciência ecológica cresceu.
Já nenhum partido , da extrema direita à extrema esquerda, se atreve a pôr em causa a sua necessidade vital.
Talvez sejam estes os sopros trazidos pelo vento do poder da flor.
Poderia também acrescentar que, paradoxalmente, pelo menos em França, quer a direita quer a esquerda, começam a fustigar a noção de materialismo. Mas talvez seja cedo para adivinhar as reais intenções.
Desculpa lá se chateei . Eu quando começo a escrever...
E Viva o Porto !
, a 18 de Agosto de 2009.