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COSMéTICAS.net

o «ESPAÇO» onde nem tudo o que parece é... música para os ouvidos !?

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E depois do adeus, Sobral?

21.05.17 | Paulo Jerónimo

Ponto prévio: Salvador ganhou o Eurofestival da canção, não porque arriscou com uma música portuguesa em contra-ciclo dos demais, mas porque emprestou a sua graça e seu talento ao de outros, o dos excelentes compositores de letra e musica, excelentes produtores e staff, mas sobretudo porque a etiqueta musical adequada e com toda a propriedade para "Amar Pelos Dois" é world music - não é propriamente Portugal.

E com isto tudo a RTP mudou o figurino do seu concurso, mudou e ganhou. O panorama musical universal agradece o feito dos portugueses, é verdade. Mas vamos lá...

Como tantos outros, eu não acompanhava o Eurofestival, nem o  Festival RTP da Canção desde os primórdios dos anos 90. Estavamos-nos a marimbar. Mas no dia seguinte, quando acordamos para a enorme polémica envolta no tipo de música e vencedor do candidato português a represntar Portugal em Kiev, a incredibilidade generalizada e insultos ao artista era tal que parecia assunto de Estatal.

Não me absti de confirmar o que era afinal que estava a provocar a maior revolução desde... bem, chamemos a isto tudo um 25 de Abril da Canção.

Assisti ao video da interpretação do Irmão de Luísa Sobral - boa escolha! - um bom prenúncio para começar.

"Google it" , okay, vídeo da musica, mas não consigo formar opinião na primeira visialização...

Ninguém, no mundo, atrevo-me a dizer, está habituado a ver aqueles trejeitos exagerados e maneira de estar em palco, facto que me distrai logo desde o inicio da atuação, e retira o protagonismo ao mais importante: A melodia, a harmonia, e a mensagem lírica da letra da canção. Pico o play pela segunda vez e fecho os olhos. Quero ouvir aquela musica como se de transmissão de rádio se trata-se. Porque faltou isso. A primeira imagem exageradamente de jingão que Salvador transmite na sua atuação inicial ao vencer o festival de Portugal apaga a força da música.

E agora sim, o primeiro acorde introduz-me uma abertura com melodia desde logo algo espiritual. O primeiro verso atira para a... A harmonia do arranjo sabe a uma mescla de varias culturas musicais, um arranjo Orquestral (muito) , Jazz (qb), e uma pitada de Boça Nova (para avivar o sabor).

Sabe-me à "Garota de Ipanema" na cover de Frank Sinatra, divinal. Tresanda a Caetano Veloso, Rita Lee, Elis Regina e Vinicius de Moraes. Tem a calma e espiritualidade de um Fado e o gemer dos Blues americanos, mas sem chorar. uma voz doce mas com relevos, interprtação sem duvida à Jazz. 

E foi por isto que Salvador Sobral ganhou o Eurofestival. Um português, sim. Em português, sim.

Mas uma canção sobretudo do mundo para o mundo, que o mundo soube logo agarrar!

Mas não é por acaso que as radios não agarravam em Sobral. Não é por acaso, é com a sua razão, que o publico foi em grande medida crítico e mal agoirento com aquela primeira e exagerada linguagem corporal da primeira atuação. Não é por acaso que ele se corrigiu e nunca mais abusou de tal maneira com Amar Pelos Dois. 

Não é por acaso que depois de me apaixonar pela sua musica e seu feito, não consigo passar dos 5 minutos iniciais de abertura de um concerto concerto dele gravado anteriormente à sua prestação em Kiev.

Nem é por acaso que "A Garota de Ipanema" é a música mais vendida e tocada de todos os tempos nos rankies mundiais.

E depois do Adeus à Kiev, Sobral?