Terapias provincianas para o trânsito de Lisboa
Aqui vão umas dicas terapeuticas caseiras tipo "mezinhas d'avó" que a gente tanto gosta na aldeia, porque:
1. Se chegas-te a Lisboa tens de ter noção de que 'aqui é Portugal e o resto é paisagem'.
2. Provinciano: nunca esqueças as tuas origens pois nas mesmas descobrirás segredos terapêuticos que nem a tua gaja sabia que tinhas dentro dessa braguilha.
3. Se ouves buzinar no transito -sim esse ruído mesmo que te tira do sério a cada 3 minutos- manda-os para um sítio qualquer. Provinciano que se preze nem tem papas na língua, nem se exprime com eufumismos (i.e. adjetivo masculino plural; 'rodriguinhos' em lx) pois que essas são daquelas palavras de sete e quinhentos.
4. A partir da terceira buzinadela que ouvires, e que mesmo não tendo certeza, assumes como tendo sido para ti, já podes manda-los pr'ó caralho, mas com estilo: acrescenta "morcão" se és do Porto, "vacão" se és de Leiria, ou outro qualquer'ão da tua provincia, que é tão rica nestas terapias.
5. Buzinas, buzinas, e mais buzinas.... sejam 4 da tarde ou 4 da manhã. Os alfacinhas são - tirando os do Belenenses assim mais armados ao pingarelho porque vivem ao lado do Palácio de São Bento - conas todos os dias. Comodistas por natureza. Assim da-lhes portanto o desconto terapêutico de quem tem um QI abaixo dos 69. É que nunca leram as leis de trânsito sobre a obrigação de substituir as buzinas por sinais de luzes apenas que anoiteça, ou as civis da República Portuguesa no que estabelece sobre horário limite de ruído público.
6. Em Lisboa conduz sempre de vidro aberto. Faça chuva ou faça sol. És da província, canudo! E vais precisar dele. Para fumar aquele cigarro terapêutico que te restabelece os índices de raciocínio, confiança e calma santa, tantas vezes necessárias para pores a mão de fora e lançares aquele pirete a que só os provincianos se dão ao trabalho. Aquele torcer de dedos bem desenhado. Porque a arte de um pirete aprende-se na provincia. É de coragem e feito com os colhões no sítio, tipo: os dedos indicador e anelar simetricamente enrolados paralelamente ao "pai de todos" bem centrado e esticado.
7. quando regressares à província, esquece lá essa moda urbana de que as rotundas são o prolongamento por natureza das várias vias que se lhe confluem, blá,blá... ide más é ler o que do uso da buzina a lei diz. Portanto, deixa-te de merdas e de entrar nas rotundas da aldeia depois, sempre a acelerar. Mesmo sem sinais de stop, as rotundas na província tem um código de conduta próprio para se respeitar.
8. Os piretes são uma arte, já disse. Não os esbanjes. Tinhas nada que ensaiar assim à sucapa - umas linhas aqui acima, que eu bem ví - se és ou não artista de enrolar os dedos simétricamente. Guarda esses ensaios para quando no trânsito, e a ver vamos se com estas terapias não te comportas lindamente no meio do barulho.